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quinta-feira, 19 de julho de 2018

Agora sim…o último texto!

Chegam hoje ao fim três anos e nove meses de aventuras na China.

Na verdade, as nossas aventuras começaram muito antes, se quisermos contar todos os meses que ele passou em frente ao computador a melhorar o seu CV, a concorrer, a ler, a estudar, a planear, a tirar uma Licenciatura com quase cinquenta anos de idade. Para muitos este nosso percurso parece ter sido fácil mas o que muitos não sabem (ou não querem valorizar) é que, para aqui chegarmos, muitos sacrifícios foram feitos da parte dele e da minha, muitos momentos familiares foram perdidos para que hoje pudéssemos estar onde estamos. E merecemos, ai isso merecemos. Por tudo o que ele tem lutado, por não se ter acomodado nunca, por ter ido estudar quando podia estar no café com os amigos ou em casa a ver televisão, pelas noites mal dormidas, pelas ausências em prol do bem-estar financeiro da família. Ele, sobretudo ele, merece chegar até onde chegou, merece receber todos os elogios que tem recebido, merece ver o seu trabalho e dedicação FINALMENTE valorizados como deve de ser. A ele devemos as aventuras dos últimos anos e as que nos esperam em Jacarta.

Quando sentirem “inveja” (da boa, claro!) de tudo o que vivemos, lembrem-se sempre que os maus momentos guardam-se para ser resolvidos em família e que a esses poucos têm acesso…mas também os há, esses maus momentos. Nem tudo são rosas. Estar longe não é fácil, adaptar a um novo país, cultura e língua não é fácil, fazer novos amigos que não falam a tua língua não é fácil, aprender um novo ofício não é fácil, viver longe da família não é fácil, viagens de trabalho não são férias, são realmente para trabalhar e são solitárias…

Apesar dos senãos, a vida tem sido muito generosa connosco e aliada à nossa luta, coragem e perseverança, agradeço todos os dias por estarmos juntos, unidos, felizes e com saúde.

E agora, a horas de partir para uma nova aventura (com direito a uma viagem de quase 21h), resta-me agradecer uma vez mais a todos aqueles com quem tive o prazer de me encontrar para um café, almoço, lanche, jantar e até pequeno-almoço. E prometer aos restantes com quem não estive que tudo farei para os compensar da próxima vez que aqui vier. O tempo não para e realmente nunca é suficiente para tudo o queremos fazer. Até esse dia, prometo ir dando notícias, prometo escrever mais textos, prometo atualizar o próximo blog (que já tem nome!) com mais frequência, prometo tirar muitas fotos, satisfazer a vossa curiosidade e dar-vos a conhecer, através dos meus olhos e palavras, uma nova cultura. 

Encerrado que está o capítulo "China", declaro a abertura oficial do capítulo "Indonésia".           

                        
                              

segunda-feira, 4 de junho de 2018

3 anos - o balanço final de Uma Aventura na China!


Este é o meu último contributo escrito para este blog. Está na hora de fazer o balanço final desta experiência e dizer adeus a Pequim.

A decisão de criar um blog há 3 anos surgiu de uma alegria enorme em saber que ia viver para a China. Entre a expectativa, o receio, a busca de algo diferente, o apelo à aventura e o “escapar” a uma situação profissional precária, a veia da escrita (herdada do meu pai) acabou por surgir e assim pude dar a conhecer a China (e as nossas aventuras) à família e aos amigos. Com o passar do tempo esta aventura (da escrita) ganhou espectadores e leitores fora do círculo familiar e foi com todo o prazer que pude contribuir com o meu conhecimento da China (e sobretudo de Pequim) e assim ajudar outros a conhecer melhor esta cidade fantástica.

Faltam 6 dias para deixar Pequim. Esta cidade que no início me assustou pela sua grandiosidade, que me fez sentir perdida, deslocada, incompreendida, enervada e admirada, acabou por conquistar o meu coração. Conheço-lhe os cheiros, os hábitos, a rotina, conheço-lhe o sabor dos seus petiscos, conheço-lhe o ritmo. Quatro estações do ano bem vincadas que organizam a vida de quem aqui vive: roupas quentinhas para o inverno, gorros, luvas e chá de gengibre; uma cidade florida e perfumada, roupas leves e passeios no parque durante a primavera; refúgio nos shoppings, idas à piscina, gelados e sumos naturais no verão; explosões de laranjas, vermelhos e amarelos durante o outono. Aqui ainda é assim, as estações do ano ainda são como eu as conheci enquanto crescia no Porto e pude desfrutar de todas em pleno.

Alguém me pedia há dias um balanço final desta aventura. Acho que esta é a altura certa para o fazer.

Há 3 anos que não sou professora. Deixei de pensar em preparar aulas, fazer relatórios, ler livros especializados, participar em reuniões, corrigir testes, submeter candidaturas aos concursos nacionais, deixei de me preocupar, deixei de pensar nisso tudo. Observo, sobretudo no Facebook, as publicações de antigos colegas de trabalho, percebo-lhes o descontentamento com a profissão, o desgaste físico, emocional e familiar…lembro-me bem da luta diária que travei durante 15 anos. Recordo com uma certa nostalgia e sinto saudades do convívio com os colegas, as conquistas dos alunos, o carinho com que quase sempre fui tratada. Não sinto saudades da mesquinhez de alguns colegas, da desvalorização pessoal e profissional, da incerteza de uma colocação, das injustiças nem tão pouco tenho saudades da arrogância e falta de respeito de muitos jovens e até de alguns pais. Não tenho pressa de voltar a esta profissão mas sinto saudades da adrenalina do trabalho, do desafio. Só o tempo dirá se um dia voltarei a lecionar ou se o meu futuro passa por outros caminhos. Apenas sei que a decisão tomada há 3 anos foi a mais acertada. Se tivesse optado por ficar em Portugal os meus filhos não tinham vivido as experiências fantásticas que viveram aqui, a nossa família não estaria tão unida como está agora, não teríamos sido tão felizes. Apesar de alguns momentos menos bons (sempre os há em todas as aventuras), desentendimentos, desilusões com algumas pessoas, saudades, pequenas maleitas…o balanço final é extremamente positivo.

Nem tudo foi feito, nem todos os objetivos foram cumpridos mas acabámos por fazer muito mais do que inicialmente achava possível. Gostaria de ter visitado mais lugares bonitos na China, gostaria de ter ido conhecer a vizinha Mongólia, gostaria de ter comido mais vezes fora, gostaria de ter visitado mais museus, ido mais vezes ao parque, gostaria de ter ido a mais espetáculos, de ter feito mais jantaradas e saídas à noite, gostaria de ter subido ao edifício mais alto de Pequim (mas ainda não está pronto nem aberto ao público) e gostaria de ter feito, pelo menos, o nível 4 de Chinês.

Em vez de ficar insatisfeita prefiro sentir-me grata por tudo o que aqui fiz e vivi. Os meus filhos viveram 3 anos maravilhosos, fizeram bons amigos, aprenderam muito, tiveram professores a quem estarei eternamente grata pela dedicação, paciência e carinho com que sempre os trataram.

Quem pode dar-se ao luxo de em 3 anos ter visitado a China, o Japão, a Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong, Macau, Filipinas, Malásia, Vietname, Tailândia, Hawaii, Bósnia-Herzegovina, Croácia, Alemanha e Portugal?

De Pequim levo as recordações mais belas: levo amigos para a vida, que me fizeram sentir bem-vinda, que me ajudaram, me acarinharam, estiveram sempre presentes e me fizeram sentir especial. Sem eles esta cidade não tinha tanto encanto.

De Pequim levo o gosto de beber água morna até nos dias mais quentes de verão! E pensar que a primeira vez que me serviram água quente num restaurante em pleno mês de julho eu julguei que era um engano. Como estava enganada e desconhecia esta cultura!

De Pequim levo o gosto pela buzina do carro e, sim, já sei que vou ter que largar este vício rapidamente.

De Pequim levo uma maior tolerância ao picante graças às idas aos restaurantes chineses, tailandeses e indianos.

De Pequim levo um conhecimento mais aprofundado desta cidade, deste grandioso país, da sua cultura e tradições, das suas gentes. De Pequim, infelizmente, não levo amigos chineses. Este tem sido um assunto longamente debatido pelos estrangeiros que aqui vivem. Ao contrário do que muitos dizem, não considero que seja impossível fazer amigos quando no teu local de trabalho 90% dos teus colegas são chineses…mas apenas se estiverem criadas condições favoráveis: não haver a barreira linguística, estares cá tempo suficiente e teres colegas chineses de “mente aberta” que já tenham estado fora da China algum tempo. Se estas condições não estiverem presentes, dificilmente terás um amigo chinês. Claramente estas condições não estavam criadas para mim…

Foram 3 anos muito especiais que chegam agora ao fim, que vão deixar saudades e muitas histórias e estórias para contar e recordar.

Este texto encerra o blog dedicado à nossa grande aventura na China. Resta-me agradecer a todos pelo vosso feedback, por terem sido leitores interessados e assíduos e também comentadores curiosos.

Grata a todos por estes 3 anos e, muito especialmente, ao meu marido pois sem ele nada disto teria sido possível!

Fiquem atentos às cenas dos próximos capítulos. Até breve…



    

 


















domingo, 6 de maio de 2018

36 dias?!?!?!?!?


O mês de abril foi de muitos quilómetros percorridos, celebrações e sorrisos. Tantas coisas boas aconteceram no último mês que o melhor mesmo é contar-vos já tudo!

Naquele que é o meu mês de eleição consegui visitar dois destinos desejados e que há muito estavam planeados (Pingyao e Yangshuo/Guilin) e ainda fiz um fim-de-semana só de mulheres em Tianjin. Também já tenho novidades para vos dar em relação ao meu exame HSK3 e à próxima escola dos miúdos em Jakarta.

Abril começou muito bem com uma curta visita à Cidade Antiga de Pingyao com a família. Chama-se assim pois… é realmente muito antiga. Diz-se que foi construída há cerca de mil anos e é considerada por muitos como o berço da primeira loja comercial de toda a China. Ainda hoje é possível visitar a dita loja por se encontrar tão bem preservada. Foi interessante conhecer um pouco mais sobre a História da China e a importância de Pingyao no desenvolvimento comercial do país. Uma cidade que é Património Mundial da Unesco desde 1997, tão bem preservada que parece ter parado no tempo…não fossem as hordas de turistas que todos os dias a visitam e lhe quebram o encanto.

Pingyao
Depois de Pingyao dei um salto de dois dias até Tianjin com as minhas amigas e companheiras de curso. A cidade portuária que fica a meia hora de “speed train” de Pequim foi o local escolhido para passarmos um fim-de-semana sem apêndices (leia-se: filhos e maridos), de tagarelice, muitas gargalhadas, música, alguns copos e um pouco de descoberta daquela que é considerada por muitos a mais europeia das cidades chinesas. A razão prende-se com uma série de concessões feitas pelo governo chinês durante o século XIX, principalmente britânicas e francesas, e que duraram até meados do século passado. Este legado europeu é bem visível especialmente a nível arquitetónico e atrai muitos turistas chineses que gostam de tirar fotos junto dos edifícios e fazer de conta que estão algures numa qualquer cidade italiana ou francesa.

Nós e o Tianjin eye lá atrás
Depois de Tianjin e antes de Guilin ainda houve tempo para mais uns brindes e para celebrar o meu 41º aniversário. Felizmente os anos passam mas ainda não pesam por isso só há motivos para festejar. Um almoço mexicano e um jantar chinês e, sobretudo, boa companhia e muitos motivos para estar grata.


Almoço mexicano
Bolo delicioso
Um dos meus presentes foi a viagem a Guilin e Yangshuo. Conhecer esta região do sul da China esteve nos planos desde sempre. Supunha-se que 3 anos na China dariam para conhecer muito mais mas apesar de todas as viagens que tivemos de adiar ou anular, esta não podia falhar. O primeiro dia começou muito mal com um atraso no aeroporto de Pequim de quase 9h. Aliás, quase nada correu como planeado nesta viagem. Em vez de chegarmos a Guilin após o almoço, chegámos quase à meia-noite, em vez de sol esperava-nos a chuva, em vez de fazermos o cruzeiro no rio Li na sexta, fizemos no sábado…mas pusemos em marcha o plano B e acabámos por fazer outras coisas divertidas e passámos uns dias muito bons, de descoberta, caminhadas e relaxamento ao final do dia com uma bebida na mão, um livro na outra e uma paisagem magnífica.

Cruzeiro no rio Li entre Guilin e Yangshuo
Nem só de viagens foi feito abril. Quase no final do mês recebi a minha nota do exame HSK3. Consegui terminar com uma boa nota, algo que para mim não era imperioso mas que soube muito bem. E mesmo a fechar o mês veio outra boa notícia. Os miúdos foram aceites na British School of Jakarta, uma das escolas internacionais mais prestigiadas na Indonésia.

E assim, aos pouquinhos, se começa a desenhar uma nova aventura, mas antes que esta termine ainda há muito para fazer nestes 36 dias que nos restam cá. Fiquem atentos às cenas dos próximos capítulos…até porque esta semana vai ser bem preenchida!

quinta-feira, 29 de março de 2018

春天来了!


A primavera chegou à China.


Pelos padrões culturais chineses, as festividades do novo ano chinês misturam-se e confundem-se anualmente com a chegada oficial da primavera naquilo a que os chineses intitulam de 春节 (Festival da Primavera). Este período tem a honra de ser o mais longo e mais importante período de férias para qualquer chinês e sobre ele já falei num outro texto que podem ler aqui.
Apesar de em meados de fevereiro os chineses dizerem que a primavera tinha chegado, há duas semanas tivemos o nosso primeiro nevão do inverno, a 4 dias de a primavera começar oficialmente no resto do mundo. A natureza não falha. Logo após o nevão as temperaturas subiram e na semana seguinte já estávamos com uns simpáticos 18°C. Ao mesmo tempo, as árvores secas, cinzentas e nuas ganharam vida e por todo o lado se vêem lindas flores. A primavera é mesmo a mais bonita estação do ano em Pequim…e, atrevo-me a dizer…em todo o mundo.


Com a chegada da primavera chegaram também algumas mudanças a nível pessoal.

Este fim-de-semana fiz o meu exame de chinês HSK nível 3. Dizem os entendidos que quem passa este nível é capaz de comunicar em Chinês a um nível que é ainda considerado básico tendo que ser capaz de reconhecer cerca de 700 palavras de uso comum na língua chinesa. Para mim o mais complicado deste exame foi o facto de estar todo ele escrito em caracteres ao passo que o anterior estava escrito em pinyin. Daqui a umas semanas saberemos se passei ou não este exame. Eu e as minhas companheiras de curso estudámos um ano para este nível e mesmo assim há tantas situações do quotidiano em que me sinto completamente impotente ao nível da comunicação. Quando, por exemplo, me ligam para fazer uma entrega de uma encomenda e metade da conversa vai para as urtigas pois o chinês do outro lado da linha assume que sabes falar chinês fluentemente só porque atendeste o telefonema a dizer “你好” (olá). É bastante frustrante mas infelizmente não há tempo para continuar a aprender esta língua. Não vale a pena começar a estudar o nível 4 quando te vais embora daqui a uns meses. Sabendo do meu fascínio por esta língua e do gosto que tinha nas aulas, muita gente me pergunta se tenciono continuar a estudá-la no futuro. Não sei dizer se terei coragem suficiente para retomar o estudo do chinês, confesso. Primeiro terei que me concentrar na língua indonésia para me poder orientar em Jakarta e depois logo se verá.
O fim das aulas foi marcado por alguns momentos engraçados e, sobretudo, emocionantes para mim. Não foi uma verdadeira despedida pois tenho a certeza que nos veremos muitas mais vezes em lugares diferentes, em contextos diferentes mas não deixou de ser um momento muito marcante. Estas companheiras de curso passaram a ser muito mais do que isso com o passar das semanas. De meras conhecidas a partilhar uma professora, um curso e uma sala de aula, passámos a verdadeiras amigas, cúmplices e confidentes. Foram elas o meu verdadeiro suporte fora do núcleo familiar e sem elas a minha vida em Pequim não teria sido tão interessante. À minha 老师 (professora) devo também um conhecimento mais aprofundado sobre os costumes e a mentalidade dos chineses com as suas explicações sempre tão interessantes e divertidas.

Com o fim das aulas os meus dias ficam mais livres para poder gozar em pleno a primavera de Pequim, explorar a cidade um pouco mais, viajar e preparar a mudança para Jakarta. Neste momento estou a tratar da mudança das nossas tralhas e também a escolher a futura escola para os miúdos. Mais novidades para breve!

À saída da escola da Catarina

Da esquerda para a direita: a inglesa Rebecca, a nossa professora Xin, a lituana Egle, a americana Amanda, a dinamarquesa Lise e a tuga!


domingo, 4 de fevereiro de 2018

Datong (大同市)

Dados geográficos (obrigada Wikipédia)

Datong é uma pequena cidade com cerca de três milhões de habitantes de acordo com o census de 2010. Situa-se na parte norte da província de Shanxi (uma das vinte e duas províncias que constituem a República Popular da China) que faz fronteira com a região autónoma da Mongólia Interior e com a província de Hebei. Fica a cerca de 350 km do centro de Pequim.

Porquê Datong?

Apesar de nos ter sido recomendada por vários amigos, Datong  é uma cidade ainda pouco visitada por turistas e pouco divulgada entre a comunidade estrangeira residente na China (se compararmos com outras regiões do país). A rede de apoio ao turismo ainda não está bem desenvolvida: a oferta hoteleira não abunda, os roteiros turísticos estão pouco divulgados, raramente se encontra quem fale inglês, etc. Não obstante todos estes “obstáculos”, a região de Datong é muito rica em História e em lugares bonitos que certamente valem a pena ser conhecidos.

O que visitámos?

Como sempre, começo as minhas pesquisas de viagens pelos meus amigos Google, Pinterest, Tripadvisor e, no caso particular da China, por mais um ou outro site especializado na região. Todos, sem exceção, referiam três lugares imperdíveis e foi a partir daí que programei toda a viagem…até porque só tínhamos dois dias e meio para ir, visitar e regressar a casa. Conhecemos então o Templo Suspenso (Hanging Monastery ou Suspended Temple como aparece nesses sites em inglês), as Grutas de Yungang (Yungang Grottoes) e a Cidade Muralhada de Datong (Datong City Wall).

Hanging Monastery 
Uma hora e meia de carro (a partir do centro de Datong) com uma paisagem lindíssima pintada de branco e temperaturas a rondar os dez graus negativos. À saída do hotel, e enquanto procurávamos uma caixa Multibanco e um café para tomar o pequeno-almoço, fomos presenteados com a queda de neve que há muitas semanas esperávamos ver em Pequim mas que este inverno teima em não aparecer. Felizes e enregelados subimos ao Templo Suspenso que nos aguardava quase deserto. Percorremos o seu interior com curiosidade e atenção a cada detalhe e observámos o seu exterior em verdadeiro êxtase. É incrível como este Templo (incrustado num penhasco a 75m do chão) sobrevive há mais de mil e quinhentos anos! Há quem o considere único no mundo porque tem esculturas do Taoismo, do Budismo e do Confucionismo lado a lado. Imponente e frágil ao mesmo tempo e com muita História para contar.

Yungang Grottoes

As Grutas Yungang são Património da Humanidade desde 2001 e não é difícil perceber porque é que a Unesco lhes concedeu esse título. Construídas durante os séculos V e VI, são compostas por mais de cinquenta grutas e cinquenta e um mil nichos com o mesmo número de estátuas de Buda. Ficámos absolutamente maravilhados com a imponência e beleza deste lugar.

Datong City Walls

A fortificação que circunda a “cidade antiga” de Datong data do século XIV mas no início deste milénio estava já bastante destruída. Foi reconstruída há poucos anos e apesar de as opiniões se dividirem quanto à sua aparência histórica, nós gostámos imenso de a visitar. Pelos vistos há quem discorde do seu aspeto atual dizendo que não é um retrato fiel da primeira que entretanto desapareceu mas, na minha humilde opinião, é bem melhor ter esta do que nada ou um monte de entulho. À noite, quando está toda iluminada, é muito bonita. Pelo que sei, é possível passear no seu topo e fazer todo o percurso a pé ou de bicicleta mas não tivemos essa sorte pois no dia em que a visitámos estavam a prepará-la para os festejos do Ano Novo Chinês.
A cidade de Datong tem ainda mais lugares de interesse para visitar como o Templo Huayan ou o Nine-Dragon Wall mas, infelizmente, não tivemos tempo para os visitar.



Foi uma viagem cheia de aventuras, boas surpresas e alguns percalços à boa maneira chinesa como quando acordámos e quisemos seguir viagem e o nosso carro não pegou porque a gasolina estava congelada. Tudo congelou durante a noite graças aos -21°C. As portas custavam a abrir, o depósito da água para limpar os vidros congelou e a gasolina também. Resolver o problema envolveu muita simpatia e ajuda por parte de cinco chineses que foram impecáveis e nos puseram de volta à estrada. Em breve mais aventuras para relatar...


quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Corrida contra o tempo

Em junho vou-me embora de Pequim e digo adeus à China. Na verdade nunca será um verdadeiro “adeus”. Em 2009 passei quatro ou cinco dias em Pequim e mais uns dez distribuídos por Xangai, Hong Kong e Macau. No rescaldo dos Jogos Olímpicos, debaixo de um sol abrasador, uma poluição que não dava tréguas e com a objetiva apontada às praias de Bali e de Timor-Leste (onde fomos viver cerca de 1 ano), não nos passava pela ideia que um dia cá voltaríamos. Nunca digas nunca!…já lá diz o velho ditado popular. Mesmo que não volte a pisar solo chinês, este país estará para sempre gravado na minha memória e continuarei a seguir com toda a atenção o que por aqui se passa. Restam-me, portanto, cinco meses para fazer tudo aquilo que ainda me falta fazer, visitar o máximo que puder e despedir-me fisicamente de cada pessoa, cada esquina, cada café, cada mercado, cada parque que me arrancou um sorriso e me fez dar graças por aqui estar e aqui viver. Cinco meses parece até uma eternidade mas acreditem que o tempo passa a voar. Então não é que ainda agora aqui cheguei e já estou a pensar na hora da despedida? Como é que dois anos e meio passaram tão rápido?

Lembram-se das listas que aqui partilhei convosco há uns meses? 

Pois bem! Fiel aos meus princípios de moça de palavra meti pés ao caminho e lá consegui organizar umas saídas em família para que fossemos colocando uns p em algumas coisas. No outono fomos ao parque Fragrant Hills admirar o espetáculo outonal das folhas vermelhas e admirar também as filas intermináveis de trânsito só porque metade de Pequim decidiu fazer o mesmo que nós; Lá consegui atingir a marca das dez visitas à Grande Muralha - feito que faz de mim uma garota muito orgulhosa. Acho mesmo que deveria existir alguma espécie de medalha para isto. Vocês não concordam? Como não há duas sem três consegui ainda arrastar-me (e aos meus pais) num único, singelo e gelado dia de janeiro até aos parques Jingshan e Beihai. Meus caros leitores…vocês não sabem o que é sentir frio até subirem ao topo destes dois parques com temperaturas negativas e um vento forte, gélido e cortante! Consegui sobreviver e, como recompensa, enfartei-me de comida chinesa e água quente mas nem assim consegui aquecer o corpo ou enjoar-me de comer “jiaozi”, “baozi” e “hamburgueres chineses”. Infelizmente não fui visitar o Palácio de Verão depois de um nevão, simplesmente porque ainda não nevou este inverno em Pequim!

Para os próximos tempos estão programadas outras saídas e, quem sabe, mais uma ou outra ida à minha amiga Muralha, aproveitando o facto de termos familiares/amigos que nos vêm visitar em breve!

Por falar em visitas de familiares…como posso eu não falar sobre a visita dos meus pais que se foram embora no início desta semana? Mais um mês e meio de aventuras repartidas por Pequim e as Filipinas naquelas que foram umas férias em família à maneira. O primeiro Natal e Ano Novo que os meus pais passaram fora de Portugal e com calor. Ainda me lembro do primeiro Natal que passei fora de casa e foi logo no calor de Bali. São experiências para nunca mais se esquecer. A presença deles cá valeu milhões. Nenhum dinheiro vale tanto como poder ver os meus filhos felizes a brincar com os avós e eles derretidos de mimos pelos netos. Essa felicidade pura não se compra com cartões de crédito ou débito e vale tudo quando se passam tantos meses de afastamento físico. Para eles, que seguem religiosamente este blog, fica um beijo enorme de gratidão por TUDO! E um “até breve” que junho e os Santos Populares estão quase aí a bater à porta.

Até lá sigam as minhas aventuras pela China…Beijinhos a todos e um excelente 2018!


Parque Fragrant Hills   
Brinde de Natal em Boracay (Filipinas)

Feliz Ano 2018 em Cebu (Filipinas)
9ª visita à Grande Muralha (Simatai)
Beihai Park

Vistas do topo do Jingshan Park

O famoso e delicioso hamburguer chinês


sábado, 28 de outubro de 2017

Baopals + WeChat Wallet - uma parelha do outro mundo!

Uma das coisas mais espetaculares de se viver na China é poder fazer imensas compras online no conforto do nosso sofá, da nossa cama ou até mesmo enquanto bebemos um cappuccino no nosso café preferido. Mais espetacular ainda é poder pagar tudo através de uma aplicação para telemóvel chamada “WeChat Wallet”. 

Eu já aqui falei da trabalheira que foi abrir uma conta bancária no Banco da China e de ter estado uma hora e meia a ser atendida por cinco funcionários para o efeito. De facto foi uma experiência surreal mas desde esse dia que dou por muito bem entregue o tempo que lá “perdi”.

Em Portugal sempre fiz compras online, sobretudo de livros e viagens, com recurso a cartão de crédito, mas as compras online na China batem aos pontos qualquer parte do mundo e nem precisamos de cartões bancários. Em que outra zona do globo é que podemos encontrar sites como o Taobao, o JD ou o Baopals onde se vende de tudo (e acreditem que é MESMO TUDO!)? E poder pagar através do “WeChat Wallet” é a cereja no topo do bolo. O uso desta aplicação tornou-se parte integrante da nossa vida, de tal forma que até nos esquecemos de usar dinheiro vivo. Compras no supermercado? Paga com o WeChat! Um cappuccino e um café? Paga com o WeChat! Jantar num qualquer restaurante da capital? Usa o WeChat! Não convém é esquecer o telemóvel em casa, claro!

Ter o WeChat Wallet no telemóvel com acesso direto à minha conta do Banco da China abriu todo um mundo que até aí me estava vedado. Agora posso abrir a aplicação do meu site preferido – Baopals – e fazer compras à vontade…haja saldo bancário! 😀

O Baopals é um site de compras em inglês (ideal para quem quer comprar mas não se safa muito bem com o chinês) e lá podemos encontrar de tudo: do útil ao fútil, do caro ao barato. Literalmente tudo! De cuecas a cereais, de comida para gatos a leite magro, de Legos a botas, de livros a aviões! É só escolher e pagar! E o mais fantástico é que as entregas são feitas em poucos dias, às vezes de um dia para o outro, e podemos encontrar algumas promoções bem jeitosas.

Chega de conversa, deixo-vos alguns exemplos para que possam tirar as vossas conclusões!


Um conjunto  "mesa macaco" e "cadeiras macaco". Quem não precisa de um em casa?

Fortalecedor de dedos. Na China não sei quem precisará...ao uso que dão aos telemóveis, parece-me que os dedos estão bem fortalecidos!

E que tal um avião? Basta ter 10 milhões de Euros no saldo bancário. 

Umas sandálias-peixe sexy...eu logo vi que era isto que vocês queriam usar nestes dias de verão no outono! :)


Estive bem tentada a comprar estas "lindas" sandálias! 👡
Eis alguns exemplos daquilo que realmente comprei.

Leite de vaca magro de origem francesa 
(12 litros a 1 cada um) 
Faca de cortar pão por 2€

Conjunto de plasticina, moldes e ferramentas

Espiralizador de legumes a 2,40€

Gel de banho - 1l com oferta de 3 mini toalhas + 1 escova dos dentes
4€
E que saudades eu vou ter do Baopals e do WeChat quando for para Jakarta! 😭😭😭