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domingo, 22 de janeiro de 2017

Xīnnián kuàilè!

Feliz Ano Novo a todos! Será que ainda vou a tempo de vos desejar um bom ano ou já parece um pouco mal? Quando o que se pretende é desejar boas coisas, qualquer altura é boa, certo? Pelo menos eu penso assim…e, afinal de contas, só passaram 22 dias! Aproveitem ao máximo 2017 e lembrem-se que 365 dias passam a correr. Não adiem as famosas resoluções de ano novo ou então criem novas que sejam mais ajustadas à vossa realidade. Espero que não tenham feito como eu que engoli as 12 passas (confesso que não é o meu fruto seco preferido) de uma assentada e só no dia seguinte me lembrei que não pedi qualquer desejo ou pensei em qualquer objetivo para este ano. Mas isso sou eu que sou tontinha…vocês de certeza que não se esqueceram!!! Desejos para 2017? Muitos! Acima de tudo, saúde, paz de espírito, vontade de sonhar e continuar a ter ganas de viver feliz! 

Olhem…e já agora que entrei no espírito da coisa…feliz ano novo chinês também, que eu sei que são todos uns aficionados do horóscopo chinês e dos ensinamentos do senhor Confúcio. Pronto, talvez não sejam, mas deviam pois o senhor até tinha algumas ideias interessantes. A China, os chineses na China e os chineses espalhados por este mundo fora (e olhem que são muitos!) entraram em modo “Ano do Galo” e não há quem os pare. A maior migração a nível mundial recomeçou e é vê-los a atravessar territórios, percorrer centenas e milhares de quilómetros com o mais maravilhoso dos objetivos: rever os seus familiares queridos de quem estão separados durante todo o ano. Ao longo de duas semanas as celebrações do ano novo chinês são a desculpa perfeita para comer “Jiǎozi” (dumplings)… como se fossem necessárias desculpas para os comer… são tão bons!!!!!! Durante duas semanas pára tudo e acreditem que é mesmo tudo: lojas, fábricas, negócios…A cidade de Pequim fica reduzida a números estranhos. Circula-se bem nas ruas, não há poluição, não há tantas buzinadelas. Em contrapartida, ouve-se fogo-de-artifício e parece que estamos em cenário de guerra dia e noite! Os chineses lançam foguetes para espantar as más energias e o azar. Vestem roupas vermelhas e penduram lindíssimas lanternas vermelhas nas suas casas. Esta cor é a preferida dos chineses por simbolizar sorte, amor, sucesso e riqueza. Este ano o macaco passa o testemunho ao galo e espera-se que o ano seja de saúde, renovação, sorte e prosperidade. No fundo, o discurso não se altera, só muda o animal! 

  Lanternas vermelhas
À entrada do nosso condomínio

 A chegar a casa
Gosto de me juntar às festividades dos meus anfitriões e comprei um galo para a entrada e dois “peluches-galo” para os miúdos. Temos comido dumplings, deseja-se “Xīnnián kuàilè” (Feliz Ano Novo) a toda a gente e temos o prédio todo engalanado de lanternas vermelhas e outros adereços alusivos à época. Na escola da Catarina fizeram uma festa, na escola do André aproveitaram o pinheirinho de Natal e em vez das bolas e da estrela penduraram “Hóngbāo” (envelopes vermelhos onde tradicionalmente se oferece dinheiro durante esta época) e tangerinas/laranjas (frutas associadas à lua por causa da sua forma redonda e porque a sua pronúncia em chinês se assemelha à palavra “sucesso”) e os miúdos vão ter uns dias de férias escolares para que todos possam celebrar convenientemente.                     
Os galitos
A nossa porta
                                                           
A entrada para os elevadores
Festividades à parte, por cá a vida voltou à normalidade depois de quase um mês de férias em Portugal. Para não variar, regressar a Portugal foi sinónimo de reunir familiares e amigos à volta de umas belas patuscadas e, no final, encontrar 3 quilos que há muito andavam desaparecidos. Por isso, desde o nosso regresso, retomámos a alimentação saudável e equilibrada e fizemos o luto a uma mala recheada de 32 kg de enchidos, queijos e bacalhau que ficou perdida em combate algures entre Portugal e Pequim. Os miúdos retomaram as aulas sem sobressaltos, o André fez provas e voltou a entrar para a equipa de natação da escola e eu retomei o curso de mandarim com a equipa maravilha. Se estou preparada para o nível 3? Ó MEU DEUS! Daqui a umas semanas digo-vos se me estou a safar ou não!

Ontem foi dia de ir ao Circo. Confesso que não sou fã acérrima deste tipo de espetáculo mas os bilhetes foram oferecidos (pela nossa senhoria) e a curiosidade de saber se era algo semelhante ao nosso em Portugal falou mais alto. Além disso, o circo foi exibido no complexo gimnodesportivo mesmo ao pé de nossa casa e era uma pena desperdiçar a oportunidade de percorrer 10 minutos a pé (ida e volta) debaixo de -11°C e quase congelar as mãos e a ponta do nariz. E lá fomos…felizes e congelados! O espetáculo foi engraçado ou, pelo menos, teve alguns momentos divertidos com os palhaços a interagir com o público e alguns ginastas audazes a desafiar o perigo e a arrancar “uuuuhhhhhhsss” à audiência. Pontos negativos? O recurso a tigres, ursos, leões e elefantes para o entretenimento e para lucro. Pobres animais! Fiquei muito triste por ver, especialmente porque muitos deles tinham mesmo um ar de absoluta tristeza, de falta de cuidado e alimentação. Para quando a decisão de proteger estes animais?

Por último, uma referência especial ao animal que é o nosso símbolo nacional. Os chineses bem podem ter o ano do galo em 2017 mas nós temos um galo bem bonito todos os anos e há muitos anos, de Barcelos para Portugal…de Portugal para o mundo e, mais propriamente, para a China. Créditos para o maridão que teve a ideia fantástica e bem-sucedida de oferecer uns galitos bem portugueses a alguns chineses. Adoraram!!!!!!!!! Como não adorar senhores? É português! ;)