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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Culinária - parte 1

A cozinha chinesa está amplamente divulgada pelo mundo fora como todos nós sabemos. O que muitos não sabem é que os pratos “típicos” que encontramos nos restaurantes chineses em Portugal estão muito aquém da verdadeira essência culinária chinesa. Em Portugal era fã destes restaurantes e por diversas vezes serviram de local de encontro com os nossos padrinhos e grandes amigos Manuela e Fernando. Meus queridos: garanto-vos que o que andámos a comer todos estes anos não tem muito de chinês. Têm de cá vir, provar e logo verão que me dão razão!
Desta vez não me vou alongar em discursos e opiniões sobre isto ou aquilo. Resolvi trazer-vos uma receita muito simples, saudável e nutritiva…e que cai mesmo bem nestes dias de outono. Se é chinesa? É, mas com alguns pormenores a meu gosto.
Tenho feito esta sopa várias vezes, com uma ou outra alteração para não ser sempre igual. O bom desta receita é ser versátil e permitir que cada um acrescente ou retire o ingrediente que quiser. Deixo-vos a que fiz ontem.

Ingredientes:
- Azeite
- ½ Cebola média
- 1 folha de louro
- 1 Alho
- Gengibre
- ½ cenoura
- Caldo de galinha (caseiro)
- Carne (tenho usado frango mas poderão usar outra a vosso gosto)
- cogumelos
- Molho de soja
- Couve (uso umas couves “chinesas” que nunca vi à venda em Portugal mas podem trocar por outras a vosso gosto)
- pimenta em grão (moída na hora)
- noz moscada
- massa fresca
- salsa (quem gostar mais pode usar coentros)
- cebolinho

Modo de preparação:
Numa panela deitar azeite, a folha de louro e a cebola e deixar refogar mas deixando a cebola branquinha; acrescentar a cenoura raspada, o alho picadinho, o gengibre raspadinho (se não gostarem de picante não convém usar muito) e juntar o caldo de galinha. O ideal é usar um caseirinho pois é muito mais saudável; de seguida colocar o frango cortado aos cubos pequenos, os cogumelos e o molho de soja; temperar com pimenta e noz moscada e provar. Se necessário acrescentar sal. Eu nunca uso pois o molho de soja já é salgado. Quando o frango estiver praticamente cozido, adicionar as folhas de couve, deixar cozer 1 minutinho e acrescentar a massa fresca previamente cozida à parte. Logo de seguida juntar a salsa e o cebolinho. Retificar os temperos e servir.
Em Portugal nunca cozinhei com massa fresca mas aqui é quase obrigatório pois além de ser super barata, é muito fácil de usar. Se não quiserem fazer com este tipo de massa podem usar massa seca e cozê-la antes.
Em qualquer restaurante que sirva comida local poderão encontrar sopas nutritivas e muito saudáveis como esta. Os chineses fazem delas uma refeição e acreditem que ficam muito bem servidos. Foi o meu almoço de hoje e recomendo vivamente.

Se resolverem experimentar não se esqueçam de partilhar as vossas impressões.


Bom apetite!祝您好胃口



quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Patudos

Quem me conhece sabe do meu amor pelos animais, de como cuido bem deles e do quanto gostaria de ter mais embora as condições atuais não o permitam. Quem me conhece também sabe que não dedico grande parte da minha vida à causa animal mas também sabe que, apesar disso, ajudo sempre que posso e fico absolutamente possessa quando vejo imagens de mais um caso de maus tratos a cães, gatos ou outros. Tenho comigo uma gata de que já vos falei – a Micas – que é uma companheira de vida e que neste preciso momento ressona aqui no sofá encostada a mim; em Portugal deixei a Paty, uma cadela super inteligente e meiga que faz as delícias de novos e velhos. Ela não é minha, é dos meus pais, mas eu também a considero minha porque é, acima de tudo, da família. Os animais também são família, pelo menos é assim que eu concebo as coisas. À família deve-se respeito, carinho, bons tratos e cuidados…seja a família de duas, seja a família de quatro patas. Por esta razão procuro educar os meus filhos nesse sentido. De pequenos foram habituados a partilhar o seu espaço com animais e a saber respeitá-los e tratá-los bem. Infelizmente o mais velho já tem noção do mundo cruel em que vive e muitas vezes me chama a atenção para certas situações, principalmente quando vai ao Facebook.
Hoje resolvi trazer-vos este tema pois em Pequim assisto diariamente a várias situações verdadeiramente hilariantes relacionadas com animais e não podia deixar de as partilhar convosco.
A China tem má fama no que toca ao desrespeito pelos animais, sobretudo os cães. O festival que anualmente se realiza em Yulin muito tem contribuído para tal. Manda a tradição local que se criem, comercializem e abatam cães (às dezenas de milhar) que depois são cozinhados de diferentes maneiras (assados, grelhados, cozidos) e servidos a apreciadores e curiosos. Defendem uns a tradição e afirmam que fazem com os cães o mesmo que se faz com as galinhas, cordeiros ou vacas; defendem outros que os cães (e os gatos pois muitos gatos são também mortos neste festival embora quase não haja referências a isto) são diferentes, são animais de companhia e não alimento. A verdade é que as vozes da revolta se levantam todos os anos e muitas são as petições que reclamam a continuidade deste festival.
Convém referir que também os chineses estão contra este festival. Milhões de chineses abominam esta prática e é fácil perceber porquê. Em Pequim, por exemplo, é muito frequente ver cães a acompanhar os seus donos. É muito comum ver cães bem tratados, de variadas raças, grandes e pequenos…tal e qual como em Portugal. A diferença está que em Portugal não é muito normal verem-se donos a carregar os seus cães ao colo, a tapá-los com mantinhas, a passeá-los de carrinho como se se tratassem de bebés… Estes dias entrei no elevador e fiquei espantada quando vi duas senhoras a transportar os seus cães em carrinhos de bebés! Deveria ter tirado fotos mas fiquei tão embasbacada que só quando estava a entrar em casa é que me lembrei que tinha o telemóvel comigo.

O orgulho com que exibem os seus patudos é, no mínimo, curioso! Para mim que vinha com uma ideia pré concebida da China, foi surpreendente testemunhar o carinho e o cuidado que têm com os seus animais de estimação. Contudo, e como em quase tudo, há o reverso da medalha. Na China existem muitos cães sem dono, sem vacinação, que vivem na rua e que contraem doenças. A raiva é uma delas e, se passada para o ser humano, é morte certa…a menos que a pessoa esteja vacinada. Ao contrário de Portugal, na China qualquer médico nos recomenda a toma da vacina contra a raiva. Um problema de saúde pública que não afeta apenas os cães mas também gatos, morcegos, etc.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Negócio da China

Três meses depois ainda estou na fase da descoberta, da boca aberta de espanto perante algumas singularidades deste país. A vida corre dentro da rotina durante a semana e os fins-de-semana são aproveitados para explorar a cidade e estar com os amigos. O último sábado, então, foi bastante produtivo. Saímos de casa com um objetivo: comprar brinquedos!
O dia estava glorioso, céu azul salpicado de pequenas nuvens brancas, algum frio e vento à mistura…e lá partimos à aventura com a carteira recheada, sorrisos rasgados e GPS na mão para percorrer meia dúzia de quilómetros. Acreditem…é mesmo preciso um GPS! J
O Toys City fica mesmo atrás de um outro mercado enorme (Hongqiao Market, também conhecido como Pearl Market) onde locais e turistas se deslocam para comprar presentes para os mais novos. Quatro andares de pura perdição para miúdos e graúdos. Bicicletas, trotinetes, jogos didáticos, puzzles, jogos de computador, bonecas, cozinhas, máquinas de fazer gelados…existe de tudo…e tudo contrafeito! Um paraíso para as autoridades fiscalizadoras, se estas estivessem minimamente interessadas no assunto, o que não me parece ser o caso! J
Viemos de lá com uma trotinete por 130 RMB (18€), uma cozinha e um carrinho de bebé por 80 RMB (11€), dois baralhos de cartas por 10 RMB cada (1,50€) e um jogo de setas magnético por 25 (3,5€). Nada mau! Há que regatear…muito, muito e assim se conseguem bons negócios…de brinquedos e não só.
No último andar deste mercado podem-se comprar os materiais para a escola, desde mochilas a cadernos e capas. Também aqui se pode (e deve!) regatear. Uma simples borracha se regateia. Neste piso descobri um livro de colorir para adultos igual ao que tinha comprado há dias numa livraria chinesa. A diferença de preços surpreendeu-me uma vez mais. Na Fnac esse livro custa quase 11€, eu comprei-o por quase 6€ e achava que tinha feito um grande negócio. Neste mercado descobri exatamente o mesmo livro por 2€ sem regatear muito.
E já que estou numa de preços, fiquem sabendo que um Big Mac (Menu) fica aqui por 18 RMB (2,5€) ao passo que um cappuccino pode ter preços tão desmotivantes como 40 RMB (5,70€), dependendo do local onde se tome. Hoje fui ao KFC tomar o meu, acompanhado de uma nata, e “só” paguei 20 RMB.
E agora, num registo totalmente diferente, quero que saibam que por aqui também se encontram “possuídos das ideias” como carinhosamente gosto de os apelidar. Hoje tive a pontaria de encontrar dois num espaço de 2 horas. À saída do condomínio (cerca das 9h30) vejo-me obrigada a conduzir na faixa oposta para evitar um peão errante que tudo quanto queria era ser atropelado. Pouco tempo depois, no KFC, sou abordada por um outro que me impressionou pois falava relativamente bem o inglês. Ora não é todos os dias que se encontram por isso achei que estava com sorte! O meu mal foi ter-lhe dado conversa. Descobri, já tarde, que a figurinha passa o tempo por ali a incomodar os clientes. Eu já era porto-riquenha, muito embora lhe tenha dito três vezes que era de Pútáoyá (Portugal). Eu até já era amiga de Fidel Castro e os amigos americanos não eram tão simpáticos assim! Grande nó na cabeça daquele homem. Socorro!!!





Livro de colorir para adultos

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Domingo é dia de eleições

Estou longe, estou impossibilitada de votar (porque me deveria ter recenseado aqui e não o fiz a tempo) mas não estou inibida de partilhar convosco algumas considerações. Gostem ou não, concordem ou não, aqui vai.
Apesar de não estar em Portugal, não estou desligada dos problemas do nosso país. Aliás, esses problemas refletem-se em cada cantinho perdido deste nosso planeta pois quase todos os portugueses que por aí andam espalhados só saíram porque não encontravam respostas no seu país. O número de emigrantes continua a aumentar e, se há umas décadas víamos os mais pobres a partir em busca de melhores condições de vida, de há uns anos para cá assiste-se a uma debandada impressionante de homens e mulheres da chamada “classe média”, “crânios” a quem não dá condições de florescer, jovens adultos à procura do primeiro emprego, recém-licenciados sem experiência em fuga de empregos precários e ordenados irrisórios incomportáveis para o custo de vida português cada vez mais elevado.
Sim, não esqueçamos que somos todos fruto da tão famosa e publicitada crise, mas não só da crise económica. A crise maior é a crise de ideais, de valores, de (des)crença na classe política e nas palavras ocas que despejam em cada entrevista, bairro, inauguração e mercado municipal. Pior do que tudo isto é que estamos já na crise da esperança. Para muitos portugueses, dentro e fora do país, já não resta esperança de realizar os seus sonhos, de gozar uma reforma condigna, de aproveitar os dias com os filhos e os netos, de viajar, de pagar a prestação da casa, de fazer o seguro para o carro, de comprar o medicamento para o filho doente ou tão simplesmente de pôr o jantar na mesa para a família.
Dir-me-ão muitos que por causa de tudo isto é que domingo não vão votar. “São todos iguais”, todos “farinha do mesmo saco”, ouço eu dizer. Talvez assim seja, mas depois são esses mesmos que preferiram ficar até mais tarde na cama, que foram ao piquenique ou ao café, que foram almoçar a casa da mãe ou às compras, mas que não tiveram tempo para parar 5 minutos e colocar um cruz num papel e fazer uma escolha em consciência e com ponderação…são esses que daqui a uns meses se vão continuar a queixar “que isto está cada vez pior”…que ”não há outro remédio senão emigrar”…
Toda a minha vida votei, toda a minha vida vi os meus pais irem votar e os meus avós também. Fui educada assim, a acompanhá-los até à sala de voto, a espreitar o quadradinho onde colocavam a cruz, a seguir os resultados na televisão, a ouvir os debates familiares. É assim que faço questão de educar os meus filhos. É a eles que devo passar esta lição de cidadania e democracia.

É nas nossas mãos que está a mudança. Se querem que as coisas mudem, se não concordam com o rumo do país, saiam da vossa zona de conforto, usem 5 minutos do vosso tempo para fazer a diferença, para lutar pela mudança. Se, pelo contrário, acreditam que está tudo bem como está, que estamos a seguir no bom caminho, pois aproveitem esses mesmos 5 minutos para demonstrarem o vosso agrado. Mas levantem o “rabo” do sofá e façam qualquer coisa. E, por favor, não se venham depois queixar que isto e aquilo está mal se domingo não fizerem nada para alterar o panorama político do nosso país. Não têm legitimidade para o fazer, compreendem?