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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Domingo é dia de eleições

Estou longe, estou impossibilitada de votar (porque me deveria ter recenseado aqui e não o fiz a tempo) mas não estou inibida de partilhar convosco algumas considerações. Gostem ou não, concordem ou não, aqui vai.
Apesar de não estar em Portugal, não estou desligada dos problemas do nosso país. Aliás, esses problemas refletem-se em cada cantinho perdido deste nosso planeta pois quase todos os portugueses que por aí andam espalhados só saíram porque não encontravam respostas no seu país. O número de emigrantes continua a aumentar e, se há umas décadas víamos os mais pobres a partir em busca de melhores condições de vida, de há uns anos para cá assiste-se a uma debandada impressionante de homens e mulheres da chamada “classe média”, “crânios” a quem não dá condições de florescer, jovens adultos à procura do primeiro emprego, recém-licenciados sem experiência em fuga de empregos precários e ordenados irrisórios incomportáveis para o custo de vida português cada vez mais elevado.
Sim, não esqueçamos que somos todos fruto da tão famosa e publicitada crise, mas não só da crise económica. A crise maior é a crise de ideais, de valores, de (des)crença na classe política e nas palavras ocas que despejam em cada entrevista, bairro, inauguração e mercado municipal. Pior do que tudo isto é que estamos já na crise da esperança. Para muitos portugueses, dentro e fora do país, já não resta esperança de realizar os seus sonhos, de gozar uma reforma condigna, de aproveitar os dias com os filhos e os netos, de viajar, de pagar a prestação da casa, de fazer o seguro para o carro, de comprar o medicamento para o filho doente ou tão simplesmente de pôr o jantar na mesa para a família.
Dir-me-ão muitos que por causa de tudo isto é que domingo não vão votar. “São todos iguais”, todos “farinha do mesmo saco”, ouço eu dizer. Talvez assim seja, mas depois são esses mesmos que preferiram ficar até mais tarde na cama, que foram ao piquenique ou ao café, que foram almoçar a casa da mãe ou às compras, mas que não tiveram tempo para parar 5 minutos e colocar um cruz num papel e fazer uma escolha em consciência e com ponderação…são esses que daqui a uns meses se vão continuar a queixar “que isto está cada vez pior”…que ”não há outro remédio senão emigrar”…
Toda a minha vida votei, toda a minha vida vi os meus pais irem votar e os meus avós também. Fui educada assim, a acompanhá-los até à sala de voto, a espreitar o quadradinho onde colocavam a cruz, a seguir os resultados na televisão, a ouvir os debates familiares. É assim que faço questão de educar os meus filhos. É a eles que devo passar esta lição de cidadania e democracia.

É nas nossas mãos que está a mudança. Se querem que as coisas mudem, se não concordam com o rumo do país, saiam da vossa zona de conforto, usem 5 minutos do vosso tempo para fazer a diferença, para lutar pela mudança. Se, pelo contrário, acreditam que está tudo bem como está, que estamos a seguir no bom caminho, pois aproveitem esses mesmos 5 minutos para demonstrarem o vosso agrado. Mas levantem o “rabo” do sofá e façam qualquer coisa. E, por favor, não se venham depois queixar que isto e aquilo está mal se domingo não fizerem nada para alterar o panorama político do nosso país. Não têm legitimidade para o fazer, compreendem? 









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