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quarta-feira, 20 de abril de 2016

Em abril...

Em abril…águas mil…pois sim mas só por terras lusas pois por aqui a Primavera vive-se com tempo seco e uns bonitos 26 graus.

Precisamente um mês depois do último texto, estou de volta com o relato de mais umas quantas aventuras. Sinto, no entanto, que vos devo uma desculpa. Este blogue começou por receber vários textos por mês e por agora só está a receber um. A ideia não é torná-lo mensal mas as circunstâncias do dia-a-dia não têm permitido que seja de outra forma.

Um típico dia de uma dona de casa não passa por ver todas as telenovelas brasileiras ou ir tomar café com as amigas igualmente “desocupadas”. Os meus dias passam por uma série de tarefas que também cansam, que também moem: preparar refeições, ser motorista, fazer compras, arrumar a casa, passar a ferro, brincar com os filhos, ajudar a fazer os tpc, etc, etc, etc… na verdade eu fazia tudo isto quando era professora em Portugal…só que aí não “perdia” tanto tempo no trânsito, preparava menos refeições (não cozinhava ao almoço), tinha os avós por perto para dar uma ajudinha com as crianças e também cheguei a ter empregada. Bom, as desculpas valem o que valem e vocês podem dizer que fazem isso e muito mais e que não entendem o meu “cansaço”. Na verdade não me estou a queixar. Estou apenas a explicar por que razão não tenho dedicado mais tempo ao blogue, assim como não tenho dedicado mais tempo à leitura ou ao Facebook ou a passear…são escolhas que se fazem e prioridades que se definem.

Voltando às minhas aventuras…a maior neste mês que se passou foi o meu aniversário, claro está. Um belo dia de primavera, a família, alguns amigos e um excelente almoço bastaram para que fosse um dia (quase) perfeito. Fomos almoçar ao Din Tai Fung – uma marca com origem em Taiwan e que hoje em dia tem restaurantes espalhados pelo mundo. Foi o segundo restaurante da marca que visitei e mais uma vez não fiquei arrependida. Que delícia de “xiaolongbao” (soup dumplings), “jiaozi” (dumplings) e “baozi” (steamed buns). Bem à medida da ocasião! Só não foi 100% perfeito porque não tinha comigo os meus pais, também eles de parabéns. Contudo, recebi um belo (e por sinal caríssimo) ramo de flores do maridão e dos filhos, uma planta e um bolo de aniversário muito gostoso da prima e mais uns presentes de alguns amigos. Acima de tudo, senti-me feliz e preenchida apesar da distância dos meus pais e dos meus velhos amigos. Recebi também muitas mensagens e algumas tocaram bem fundo no meu coração, de amigos a quem quero o melhor do mundo e que nem sabem o bem que me fazem só por estarem lá, do outro lado, quando me apetece dizer um simples “olá”. Depois há os outros, aqueles com quem não falo há tanto tempo, com quem não tomo café há eternidades mas que me fazem uma falta imensa. Todos vocês têm a vida preenchida e ocupada, assim como eu tenho a minha, mas é tão bom ter notícias vossas, nem que seja pelo Facebook. Fico grata pelo vosso carinho. Oxalá haja possibilidade de me encontrar com alguns no meu regresso a Portugal este verão. 

O André continua na sua luta diária para aprender Inglês e posso garantir-vos que estamos muito orgulhosos do seu percurso. O feedback dos professores tem sido muito positivo e os progressos na língua de sua majestade Isabel II (que amanhã completa 90 anos!) são bem visíveis. A Catarina também está muito bem adaptada: fala em chinês, canta em inglês e faz birras em português. Uma verdadeira poliglota.

Páscoa 2016
A 27 de março celebrou-se a Páscoa. Confesso que a data me teria passado completamente despercebida não fosse o almoço que o CPP (Clube Português de Pequim) organizou no bairro de Gulou (outra zona emblemática e central da cidade). O assado de Páscoa, o pão-de-ló e as amêndoas foram trocados por bombons, ovinhos de Páscoa para decorar e um buffet eclético e divertido. Não foi melhor nem pior do que em Portugal, foi diferente. Foi sobretudo mais um pretexto para juntar falantes da nossa língua e conviver com os amigos.

No início deste mês celebrou-se o Qingming Festival, também conhecido como Tomb Sweeping Day. Há quem o compare ao “nosso” 1 de novembro por se tratar de um dia de feriado nacional dedicado aos familiares falecidos. Neste dia é comum visitar-se os cemitérios, limpar os túmulos dos entes falecidos, rezar e prestar-lhes homenagem através da oferta de flores, comida, chá, vinho e incenso. Nesse dia feriado (uma segunda feira) aproveitamos o bom tempo e fomos visitar os “hutongs”, bem no coração de Pequim. Os “hutongs” são visita obrigatória para quem vem à China, especialmente se o destino for Pequim ou uma qualquer cidade do norte onde os “hutongs” são mais comuns. Trata-se de um conjunto de ruas estreitas e becos que se cruzam formando pequenos aglomerados ou bairros com arquitetura tradicional chinesa. Em Pequim existiram muitos ao longo dos séculos mas a certa altura o desenvolvimento económico e o crescimento demográfico ditou a demolição de muitos para no seu lugar serem erguidos edifícios gigantes e modernos. Hoje em dia os chineses têm uma visão diferente e é tempo de preservar estes lugares centenares que ainda sobrevivem. Muitos deles estão transformados em zonas comerciais e habitacionais onde o chinês e o turista coabitam com naturalidade. A Primavera é uma altura muito agradável para se visitar um “hutong” pois aproveita-se, em simultâneo, o bom tempo, as comidas de rua, a boa disposição das pessoas (libertas que estão das amarras do inverno rigoroso), os terraços e esplanadas (sem correr o risco de derreter ao sol) e as imensas árvores floridas que convidam a muitas selfies. Passámos um dia muito agradável no “hutong” junto ao lago Shichahai, comemos “jiaozi” no Mr. Shi’s – um “tasco” com uns dumplings maravilhosos - deixámos a nossa bandeira na parede do restaurante e cheguei a casa com uma valente dor nos pés. A reter para uma próxima aventura nos “hutongs”: experimentar mais comidas de rua, tirar mais selfies e calçar sapatilhas.

Uns dias mais tarde, aproveitando mais um excelente dia de primavera e baixos níveis de poluição, fomos dar uma espreitadela (de quase 4 horas) ao mercado de Panjiuyuan. Diz-se por aí que é o maior mercado de antiguidades de toda a Ásia e eu sou menina para acreditar. Com mais de 3000 bancas e dos mais variados artigos à venda (antiguidades e não só), vale bem a pena a visita…mesmo que apenas se tenha comprado incenso.
Pormenor de uma esquina 

E os planos para novas aventuras não param. Já na próxima sexta-feira teremos uma “Multicultural Food Fair” na escola do André. Vamos ter a oportunidade de dar a provar à restante comunidade escolar alguns dos nossos tesouros gastronómicos. Logo vos conto como correu. Temos umas quantas surpresas na manga.
@Mr. Shi's restaurant


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No lago de Shichahai