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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Mãe sofre!

O coração de uma mãe torna-se por vezes tão apertadinho e sofrido…
Não sei como nós, mães, aguentamos, respiramos fundo, colocamos um sorriso nos lábios e acreditamos piamente que tudo vai melhorar. Sinceramente não sei!

Esta semana a Catarina foi, pela primeira vez, para o Jardim de Infância…ou creche…ou pré escola…ou suga contas bancárias…o que lhe quiserem chamar!
Não é uma doença, não é uma intervenção cirúrgica, não são dores insuportáveis… é o início de uma etapa que se pretende que seja saudável, emocionante, enriquecedora, de descoberta, de aventura, de crescimento e desenvolvimento. Deseja-se que seja isto tudo mas, na verdade, estes primeiros dias têm sido de tortura para ela e para os pais. Sei que o coração mole do pai se derrete todo à primeira lágrima da nossa menina. Sei que por isso não a quer levar à escola nestes primeiros tempos deixando para a mãe a tarefa de a levar e engolir em seco as vezes necessárias para não desatar a chorar à sua frente.

Porque é que não existe um botão “on/off” que possamos manobrar consoante a necessidade do momento? Desligávamos o botão do aconchego do lar, do mimo da mãe, da segurança da família e ligávamos o botão da escola, dos amigos e da educadora! Tão mais simples!

Tudo é novidade e confusão naquela cabecinha de dois anos e meio. Por muito que a incentivemos e expliquemos, ela ainda não entende o porquê de não poder ficar com a sua mamã todo o dia. E depois o meu coração apertadinho põe em causa a decisão tomada. Será que é cedo demais? Será que estamos a fazer o mais correto? Valerá a pena fazê-la passar por tanta angústia?
Porque é que os meus filhos não são como aqueles meninos que vão para a escola todos felizes e excitados? Já com o André foi o mesmo “filme de terror” durante meses a fio.

Mães e pais desse lado que me estão a ler: eu sei que muitos de vocês também passaram pelas mesmas aflições ou até bem piores. Esta que vos escreve precisava de desabafar estas palavras. De repente dei por mim sentada num café (depois de ter deixado a miúda na escola) a precisar deitar tudo isto cá para fora e percebi que não tinha ninguém que me pudesse “aturar”.
Obrigada por me “ouvirem”! Bom resto de semana para todos.

Prometo manter-vos a par da situação!









sábado, 21 de novembro de 2015

Mais uma semana...

É quase meia-noite. Eles jogam ao “peixinho”, ela dorme sossegadinha na sua cama king size, cansada de um dia cheio de brincadeiras com o irmão e um amigo. Eu divido-me entre a leitura e as redes sociais e mais uma ou outra fatia de bola de carne. Hoje foi a minha estreia e ficou maravilhosa. Os nossos amigos que cá vieram almoçar trouxeram uma mousse de chocolate divinal e em troca levaram um pedaço da bola que tanto gostaram! Fiquei feliz! Foi mais um sábado em boa companhia, refugiados no aconchego do lar quando lá fora o frio atacava. O frio…só o frio pois a neve, ao contrário de todas as previsões, não apareceu ainda. L

Novidades desta semana: o André foi um dos escolhidos da Academia Luís Figo para uma campanha publicitária. Daqui a uns tempos é vê-lo nas redes sociais, revistas e afins…. Após as dúvidas e timidezes iniciais, lá acabou por achar boa ideia e as fotos ficaram muito giras. Ninguém diz que estavam geladinhos à mercê dos 0° do momento.

Nas notícias sobre Pequim e a China surgiram alguns números, no mínimo, assustadores. Partilho convosco para que os possam digerir.
- 24 milhões é a diferença prevista entre o número de homens e mulheres no ano de 2022 na China…resultado de décadas de políticas discriminatórias e da “one child policy”;
- 6615 milhões de toneladas de cimento foram usadas na China nos últimos dois anos. Pensem só que este número suplanta a quantidade utilizada pelos EUA num século inteirinho;
- as previsões indicam que 4,200,000 toneladas de carvão serão queimadas durante o inverno 2015/16 só em Pequim;
- existem 65 milionários e bilionários a morar em Pequim;
- Os níveis de poluição atingiram o valor histórico de 1400 no início deste mês na cidade de Shenyang reduzindo a visibilidade para uns meros 100 metros naquela zona.

E entretanto esta semana também fizemos o pinheirinho. Uma surpresa para o maridão/papá (quando chegou a casa ficou muito contente) e para os meus pais em Portugal…vá…pelos vistos foi uma surpresa para mais pessoas que ficaram um bocadinho admiradas por ser tão cedo! Ó minha gente, é assim: falta um mês para eu ir de férias a Portugal. Passar um mês com o pinheirinho feito aqui em casa pareceu-me o mais natural já que não vou passar aqui a quadra natalícia. E esta época sempre foi muito especial para mim. Divertimo-nos muito a montar a árvore…o problema vai ser mantê-la intacta com uma gata e uma criança pequena que adoram mexericar nos enfeites! Afinal…o Natal é quando uma mulher quiser! Hihihihihi


E para terminar, fiquem sabendo que já sei, FINALMENTE, dizer os números até 100!!! Dizer…escrever é outra história!! Uma história muito longa e complicada! 








domingo, 15 de novembro de 2015

Então, que tal, estás a gostar de morar em Pequim?

“Então, que tal, estás a gostar de morar em Pequim?”

Esta é, muito provavelmente, a pergunta que me fazem com mais frequência. Vem de Portugal mas também daqui. Acho que é inevitável e incontornável que, ao cabo de quatro meses, se faça um breve balanço da minha estadia na China. Depois dos dois primeiros meses terem sido de malas feitas e desfeitas, de passeios e descobertas diárias, agora a rotina instalou-se. Contudo, a rotina nem sempre significa algo de mau ou errado. Com filhos pequenos e/ou em idade escolar não se pode ambicionar passeios todos os dias, noitadas ou descobertas. Com o início das aulas os dias passaram a ser feitos de pequenos momentos que procuro aproveitar ao máximo. Ir de manhã ao mercado e absorver os cheiros e os pregões, a azáfama de quem compra e vende; tomar um cappuccino de vez em quando em cafés diferentes e interessantes que vou descobrindo pelas redondezas; ler revistas sobre a cidade e tirar notas mentais de novos sítios para explorar; descobrir mais um produto interessante e gostoso nas lojas do bairro; conversar com outras mães em situação semelhante e ouvir com atenção as dicas que de forma tão prestável me dão; almoçar ou jantar com os amigos que entretanto fizemos por cá; gozar o silêncio da casa quando a família ainda está a dormir…sim, porque uma mãe, sobretudo uma mãe que cuida de uma criança de 2 anos e meio a tempo inteiro, precisa dos seus momentos de paz! Ohhhh…se precisa! ;)
E assim se vão desenrolando os dias… mas respondendo à tão famosa pergunta…sim, gosto de morar em Pequim! Para já, gosto muito. A cultura chinesa é muito diferente da nossa, a cidade é extremamente grande, ruidosa e confusa, o trânsito é medonho…mas eu gosto.
Claro que, ao mesmo tempo, me sinto um pouco enganada. Uma espécie de publicidade enganosa que me fez crer que Pequim era fria mas nada chuvosa. Eu detesto chuva, portanto é sempre um ponto a favor que não chova por cá. Bem sei que ela é precisa e blá, blá, blá. Sim, sei isso tudo. Também sei que quando chove os níveis de poluição por norma diminuem e isso só pode significar boas notícias, mas o que eu gosto mesmo é de dias frios e solarengos. Nada de chuva. No entanto, na última semana e meia creio que Pequim viu chuva a mais para uma estação que os entendidos consideram como seca. É de uma pessoa se sentir defraudada! Hoje, felizmente, o dia acordou seco e frio (8°). Só falta mesmo o sol conseguir passar a barreira densa de poluição – 292 neste momento.
A última semana trouxe-nos mais alguns bons momentos. Sexta foi dia de reuniões com os professores do André. Apesar do seu nível de inglês ainda estar longe do exigido para o quarto ano, todos foram unânimes ao afirmar que o nosso menino vai no bom caminho. Sempre bem-disposto, sempre sorridente, empenhado, trabalhador, participativo, motivado…foi muito bom conversar com todos eles e receber um feedback tão positivo.

Ontem à noite tivemos mais um jantar de portugueses com direito a castanhas assadas e a presença do nosso Embaixador. Foi um jantar importante não só pelo convívio, pelos momentos divertidos e pelas pessoas que se conhecem, mas também porque neste jantar se arrancou oficialmente com o CPP – Clube Português de Pequim. Podemos não ser muitos, mas somos bons e estamos dispostos a continuar estes encontros e a levar mais longe a nossa pátria. Agrada-me saber que bem perto da minha família há mais como nós, partilhando a mesma cultura, a mesma língua e os mesmos níveis de saudade. E não faltam ideias para próximos encontros e iniciativas de divulgação de Portugal em Pequim. Isto só podem ser boas notícias, certo?

E faltam 39 dias para o Natal!

O CPP

O Embaixador de Portugal a discursar

O grupo de portugueses que jantou no Xalapa

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Felicidade é...

Poucas vezes tenho conseguido encontrar logo à primeira um título adequado para os textos que vou escrevendo. As palavras vão fluindo ao sabor dos meus pensamentos e devaneios mas os títulos são difíceis de “arrancar”. Hoje é diferente. Hoje, enquanto conduzia pelas ruas de Pequim, o título surgiu-me entre umas apitadelas e uns palavrões dirigidos aos condutores menos conscientes! E no meio da poluição, do trânsito, do frio e do sono dei-me conta de que estava feliz. 
A felicidade não é um estado permanente. Ninguém vive em plena e completa felicidade sempre e a toda a hora. Eu não sou feliz, mas estou, felizmente, muitas vezes feliz. A vida tem-me ensinado que devemos aproveitar ao máximo o que a vida nos dá, os caminhos que escolhemos seguir sendo sempre fiéis ao nosso ser.
Hoje, enquanto conduzia pelas ruas de Pequim, ia feliz pois ia levar o meu filho à escola. Uma escola onde o tratam bem, onde é respeitado, onde criou amizades, uma escola que o faz sentir bem e feliz. Não é isso a felicidade de um pai ou de uma mãe – ver os seus filhos felizes? Felicidade é tudo aquilo que nos faz sentir bem e ver o sorriso do André quando resmungo com os outros condutores ou quando passa uma música do Michael Jackson na rádio, faz-me feliz.
Felicidade é chegar a casa e ter a filha a correr para nós para nos dar miminhos…
Felicidade é celebrar o 64º aniversário do meu pai…mesmo que seja à distância e com meia dúzia de palavras trocadas pelo telefone e tantas outras que ficaram por dizer mas que são tão sentidas…e apesar da saudade saber que está bem, com saúde e em boa companhia…
Felicidade é levar o filho a casa do amigo espanhol para passar a noite, jogar jogos e brincar muito… e aproveitar o fim-de-semana prolongado! Lá está…vê-lo feliz faz-me feliz!
Felicidade é ir ao mercado, encontrar queijo ricotta e massa folhada e fazer mil e um planos de receitas…(Vá lá…foi um momento inédito…massa folhada em Pequim? Nunca tinha visto!)
Felicidade é acordar e deitar ao lado de quem se ama…
Felicidade é tomar banho com os filhos e fazer uma grande farra…
Felicidade é ter saúde e ver os nossos filhos saudáveis…
Felicidade é fazer novos amigos, conversar e rir…
Felicidade é fazer planos para as férias de Natal com a mãe, pelo Skype, e 99% desses planos implicarem comida(!!!)…
Felicidade é ter níveis de poluição abaixo de 50…(note-se que na Europa níveis de 50 davam direito a ficar em casa fechado, escolas encerradas, carros proibidos de circular…mas nada disso acontece aqui, mesmo quando os níveis ultrapassam os 400 ou mais!)
Felicidade é tomar um cappuccino, ler uma revista ou simplesmente observar quem passa…
Felicidade é contar os dias para enfeitar o pinheirinho…
Felicidade é comer…sim, comer aquilo que nos faz bem e que nos sabe bem, que nos delicia e dá prazer…
Felicidade é ler um livro enroscadinha no sofá com uma manta…
Felicidade é sentir a casa limpa e cheirosa apesar do trabalho que deu limpá-la durante um dia inteirinho…
Felicidade é ver a nossa filha maravilhada com o Ruca, a Peppa ou o Mickey…
Felicidade é poder partilhar mais um texto convosco, sem pretensões, sem protagonismos…apenas pelo puro prazer de escrever e partilhar o que me vai na alma…

São pequenas realidades, momentos do nosso dia que tomamos quase sempre por garantidos e banais mas que se estivermos atentos fazem toda a diferença e nos mostram que a busca da felicidade é bem mais simples do que pensamos. E tu, estás feliz agora?