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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Patudos

Quem me conhece sabe do meu amor pelos animais, de como cuido bem deles e do quanto gostaria de ter mais embora as condições atuais não o permitam. Quem me conhece também sabe que não dedico grande parte da minha vida à causa animal mas também sabe que, apesar disso, ajudo sempre que posso e fico absolutamente possessa quando vejo imagens de mais um caso de maus tratos a cães, gatos ou outros. Tenho comigo uma gata de que já vos falei – a Micas – que é uma companheira de vida e que neste preciso momento ressona aqui no sofá encostada a mim; em Portugal deixei a Paty, uma cadela super inteligente e meiga que faz as delícias de novos e velhos. Ela não é minha, é dos meus pais, mas eu também a considero minha porque é, acima de tudo, da família. Os animais também são família, pelo menos é assim que eu concebo as coisas. À família deve-se respeito, carinho, bons tratos e cuidados…seja a família de duas, seja a família de quatro patas. Por esta razão procuro educar os meus filhos nesse sentido. De pequenos foram habituados a partilhar o seu espaço com animais e a saber respeitá-los e tratá-los bem. Infelizmente o mais velho já tem noção do mundo cruel em que vive e muitas vezes me chama a atenção para certas situações, principalmente quando vai ao Facebook.
Hoje resolvi trazer-vos este tema pois em Pequim assisto diariamente a várias situações verdadeiramente hilariantes relacionadas com animais e não podia deixar de as partilhar convosco.
A China tem má fama no que toca ao desrespeito pelos animais, sobretudo os cães. O festival que anualmente se realiza em Yulin muito tem contribuído para tal. Manda a tradição local que se criem, comercializem e abatam cães (às dezenas de milhar) que depois são cozinhados de diferentes maneiras (assados, grelhados, cozidos) e servidos a apreciadores e curiosos. Defendem uns a tradição e afirmam que fazem com os cães o mesmo que se faz com as galinhas, cordeiros ou vacas; defendem outros que os cães (e os gatos pois muitos gatos são também mortos neste festival embora quase não haja referências a isto) são diferentes, são animais de companhia e não alimento. A verdade é que as vozes da revolta se levantam todos os anos e muitas são as petições que reclamam a continuidade deste festival.
Convém referir que também os chineses estão contra este festival. Milhões de chineses abominam esta prática e é fácil perceber porquê. Em Pequim, por exemplo, é muito frequente ver cães a acompanhar os seus donos. É muito comum ver cães bem tratados, de variadas raças, grandes e pequenos…tal e qual como em Portugal. A diferença está que em Portugal não é muito normal verem-se donos a carregar os seus cães ao colo, a tapá-los com mantinhas, a passeá-los de carrinho como se se tratassem de bebés… Estes dias entrei no elevador e fiquei espantada quando vi duas senhoras a transportar os seus cães em carrinhos de bebés! Deveria ter tirado fotos mas fiquei tão embasbacada que só quando estava a entrar em casa é que me lembrei que tinha o telemóvel comigo.

O orgulho com que exibem os seus patudos é, no mínimo, curioso! Para mim que vinha com uma ideia pré concebida da China, foi surpreendente testemunhar o carinho e o cuidado que têm com os seus animais de estimação. Contudo, e como em quase tudo, há o reverso da medalha. Na China existem muitos cães sem dono, sem vacinação, que vivem na rua e que contraem doenças. A raiva é uma delas e, se passada para o ser humano, é morte certa…a menos que a pessoa esteja vacinada. Ao contrário de Portugal, na China qualquer médico nos recomenda a toma da vacina contra a raiva. Um problema de saúde pública que não afeta apenas os cães mas também gatos, morcegos, etc.

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