Quem me conhece sabe do meu amor
pelos animais, de como cuido bem deles e do quanto gostaria de ter mais embora
as condições atuais não o permitam. Quem me conhece também sabe que não dedico
grande parte da minha vida à causa animal mas também sabe que, apesar disso,
ajudo sempre que posso e fico absolutamente possessa quando vejo imagens de
mais um caso de maus tratos a cães, gatos ou outros. Tenho comigo uma gata de
que já vos falei – a Micas – que é uma companheira de vida e que neste preciso
momento ressona aqui no sofá encostada a mim; em Portugal deixei a Paty, uma
cadela super inteligente e meiga que faz as delícias de novos e velhos. Ela não
é minha, é dos meus pais, mas eu também a considero minha porque é, acima de
tudo, da família. Os animais também são família, pelo menos é assim que eu
concebo as coisas. À família deve-se respeito, carinho, bons tratos e
cuidados…seja a família de duas, seja a família de quatro patas. Por esta razão
procuro educar os meus filhos nesse sentido. De pequenos foram habituados a
partilhar o seu espaço com animais e a saber respeitá-los e tratá-los bem.
Infelizmente o mais velho já tem noção do mundo cruel em que vive e muitas
vezes me chama a atenção para certas situações, principalmente quando vai ao
Facebook.
Hoje resolvi trazer-vos este tema
pois em Pequim assisto diariamente a várias situações verdadeiramente
hilariantes relacionadas com animais e não podia deixar de as partilhar
convosco.
A China tem má fama no que toca ao
desrespeito pelos animais, sobretudo os cães. O festival que anualmente se
realiza em Yulin muito tem contribuído para tal. Manda a tradição local que se
criem, comercializem e abatam cães (às dezenas de milhar) que depois são
cozinhados de diferentes maneiras (assados, grelhados, cozidos) e servidos a
apreciadores e curiosos. Defendem uns a tradição e afirmam que fazem com os
cães o mesmo que se faz com as galinhas, cordeiros ou vacas; defendem outros
que os cães (e os gatos pois muitos gatos são também mortos neste festival
embora quase não haja referências a isto) são diferentes, são animais de
companhia e não alimento. A verdade é que as vozes da revolta se levantam todos
os anos e muitas são as petições que reclamam a continuidade deste festival.
Convém referir que também os
chineses estão contra este festival. Milhões de chineses abominam esta prática
e é fácil perceber porquê. Em Pequim, por exemplo, é muito frequente ver cães a
acompanhar os seus donos. É muito comum ver cães bem tratados, de variadas
raças, grandes e pequenos…tal e qual como em Portugal. A diferença está que em
Portugal não é muito normal verem-se donos a carregar os seus cães ao colo, a
tapá-los com mantinhas, a passeá-los de carrinho como se se tratassem de bebés…
Estes dias entrei no elevador e fiquei espantada quando vi duas senhoras a
transportar os seus cães em carrinhos de bebés! Deveria ter tirado fotos mas
fiquei tão embasbacada que só quando estava a entrar em casa é que me lembrei
que tinha o telemóvel comigo.
O orgulho com que exibem os seus
patudos é, no mínimo, curioso! Para mim que vinha com uma ideia pré concebida
da China, foi surpreendente testemunhar o carinho e o cuidado que têm com os
seus animais de estimação. Contudo, e como em quase tudo, há o reverso da
medalha. Na China existem muitos cães sem dono, sem vacinação, que vivem na rua
e que contraem doenças. A raiva é uma delas e, se passada para o ser humano, é
morte certa…a menos que a pessoa esteja vacinada. Ao contrário de Portugal, na
China qualquer médico nos recomenda a toma da vacina contra a raiva. Um
problema de saúde pública que não afeta apenas os cães mas também gatos,
morcegos, etc.
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